quarta-feira, 4 de abril de 2012

Remembering Layne Staley P/ 4: "Lollapalooza"



Quarta e antepenúltima parte do artigo escrito e produzido por  David Bronstein e Brett Buchanan. Esta parte do artigo fala sobre o festival Lollapalooza e conta com relatos especiais de Richard Jonckheere [um dos integrantes da banda eletrónica Front 242, cuja Layne era um fã e que também estava presente no festival]

Se não leu a parte anterior do artigo [Sap Sessions], clique aqui.

Fonte: GrungeReport.net

A primeira coisa que se notava eram a multidão, as ondas de corpos esmagados de afluência para a frente em ondas pequenas, entre o calor sufocante.  O palco na frente está escondido por um lençol branco, acrescentando ainda a aura e antecipação.  A antecipação é insuportável; um sonoplasta pode ser visto a partir do lado do ensaio que pode ser a guitarra de Jerry Cantrell. Minutos parecem horas. Depois, a multidão debruçam-se para trás para sentir a água fria a ser pulverizada pelo segurança na frente, a música de introdução Iron Gland quebra o som dos alto-falantes. Preserve a água, vais precisar dela, a multidão para a frente de novo. Os membros dos Alice in Chains estão atrás do lençol. Se estiveres à frente estás a ser torturado, a banda ainda não começou [a tocar].

A introdução acaba e sem um segundo para pensar, os teus pés já não se encontram no chão áspero, em vez disso estás entre um motociclista que parece ter acordado de um concerto dos Rolling Stones há 20 anos atrás, e uma loira atraente.  Não tens escolha senão ir com o fluxo. Quando o vocalista Layne Staley, começa a cantar, o enorme lençol branco cai no chão. Os teus pés estão quase a tocar nos vidros, quando a encosta-se na tua cabeça. Por um momento, é como se estivesses a usar a tampões de ouvido e as curvas do teu corpo a ter impacto com a difusão do som. A multidão adolescente será a primeira de muitas.

No mundo da fotografia, os fotógrafos profissionais não estão felizes com o líquido [água atirada pelos seguranças] que também engole o palco.  Alguns [fotógrafos] estão por trás dele [o líquido].  Layne Staley, como de costume vai usar os seus óculos de sol pelo menos durante as primeiras três músicas, depois de conhecer os fotógrafos, estes serão forçados a sair.  Layne Staley, que estava bem-parecido, é um anti estrela de rock e estrela do rock, tudo em um.

Tinha o seu cabelo cortado e estava a cantar como um anjo para os milhares que se abrigaram num alojamento de campo do terceiro festival Lollapalooza. Embora os Primus sejam oficialmente a atração principal, esse lugar pertence aos Alice In Chains. Cerca de uma hora depois, os AIC deixam o palco cheio de aplausos, e logo de seguida viajam para a cidade próxima. A terceira edição de Lollapalooza recolheu 36 mostras nos dois meses quentes do verão. A começar no Canadá e a terminar em Los Angeles, a linha de Tag da excursão é `onde quer que vás, lá estás tu’. A formação foi acidentalmente influenciada pelos artistas da Sony, incluindo: os Alice in Chains, Primus, Dinossaur Jr., Arrested Development, Tool, Rage Against the Machine, Babes in Toyland, e Front 242.

A favorita de Layne Staley na excursão era a banda eletrónica Front 242. Staley encontrou os membros da banda numa festa após o concerto e quis partilhar o palco os belgas. Richard Jonckheere, um membro fundador dos Front 242, explica: “No princípio da nossa viagem, foi-me dito por um dos nossos membros da banda que, depois da festa com membros da banda de Alice in Chains acabar, o Layne era um “fã” da nossa música e queria cantar em palco connosco. No início em pensei que ele estava a gozar porque nós éramos tipo “as ovelhas negras” da digressão, ser da Europa e ter um sotaque estranho, sem nenhuma guitarra ou bateria, estilo de cabelo diferente, sem nenhum autocarro, mas sim camionetas pequenas, etc… nós não tivemos realmente demasiado contato com os membros das outras bandas até àquele momento. Éramos igualmente tímidos e o estilo da nossa banda não era realmente o melhor. Então, no dia seguinte eu fui procurar o Layne para lhe perguntar se era verdade, ele disse-me que tinha alguns dos nossos álbuns e que gostava de cantar a [música] “Religion” connosco quando tivesse “desperto e sóbrio”! Nós concordámos imediatamente. A nós foi uma maneira fixe de nos aproximarmo-nos dos restantes músicos, mas antes de tudo foi uma honra de ter o vocalista da banda principal da excursão connosco em palco. Ele veio mesmo cantar connosco algumas vezes e eu penso que ele entregou-se. Eu suponho que era uma experiência totalmente nova para ele como também era para nós. É claro que a nossa companhia discográfica ficou extremamente feliz pois poderíamos fazer notícia com isso. Nós nunca pensamos dessa obviamente mas é verdade, isso trouxe-nos mais de atenção por parte da imprensa.”

Pelos os seus fãs, Layne Staley estava no seu estado mais absoluto de boa saúde durante o verão de 1993. Staley tinha conseguido controlar o seu vício e a sua gerente Susan Silver até contratou um segurança para seguir Staley até aos de bastidores na digressão, desde que o álcool estava igualmente incluído na sua lista de proibições. Jonckheere diz, “O Layne iria aos nossos bastidores e entraria para nos comprimentar! Passado um tempo, ele perguntou se nós tínhamos algum tipo bebida alcoólica para beber. Tínhamos sempre algumas cervejas e vodka e ele quando via isso parecia que estava no céu. Nós não sabíamos que ele estava em recuperação. Eu não sabia muito sobre os Alice in Chains até antes da digressão, eu só comprei o Dirt que foi antes de ir na digressão com eles.

Nós não sabíamos de maneira nenhuma que ele teve experiencias com drogas e com o álcool. Então não era grande coisa para nós compartilhar as nossas bebidas. Mais tarde descobrimos que ele tinha um segurança pessoal para o manter longe disso tudo e eu não acho que o Layne tinha álcool nos seus próprios bastidores. Mas esse segurança nunca vinha com ele para os nossos bastidores, então não poderia ver o que se estava a passar.” Entretanto, a próxima vez que Staley tentou entrar nos bastidores para pedir algumas bebidas, o segurança apanhou-o.

“Um dia, após uma breve visita por parte do Layne, o seu segurança entra lá dentro como um homem louco. Pediu que nós parássemos de dar álcool do serviço a ele. É uma vergonha quando olhas para ele e vez um artista como ele a ir-se abaixo assim, mas por outro lado, às vezes é disso que alguns artistas precisam para serem criativos. Eu não sei se era esse o argumento para o Layne porque eu acho que ele era suficientemente inteligente para conseguir expressar-se sem aquilo…,” diz Jonckheere.

Quando chegaram a New York, Staley convidou Jonckheere para tocar em palco a abertura combinada. ” Layne pediu-me para que eu me juntasse a eles em palco, que foi o que eu fiz uma vez para cantar ‘Dam That River’. Foi uma experiência surpreendente para mim porque era minha primeira vez em palco com uma banda de rock! Em palco aquilo foi linso e a multidão estava louca! Eu adorei. Depois da minha experiência, eu fui para um lado do palco e fiquei muito satisfeito com a atuação do Layne. A minha impressão é que o ele não precisava de fazer muito em palco para ser tudo perfeito! Tinha uma voz surpreendente e a sua presença era mais do que satisfatória para dar ao mesmo tempo algo forte e emocional. Notava-se que Mike Inez tinha prazer a fazer o que fazia e Jerry Cantrell dava à guitarra um melódico perfeito, foi único, concerteza único. O Layne poderia entregar algo que era interior, profundo dele.”

Joonkheere recorda que ele e Staley viam os episódios de Beavis e Butthead nos bastidores. “Ele ficou muito feliz com o programa porque eles tocavam e gostavam das canções da banda”. Algumas das fotos mais memoráveis de Layne Staley seriam tiradas durante a época de Lollapalooza, uma digressão que sublinham somente como  os Alice in Chains tinham-se tornado importante.

Ninguém a conhecia naquela altura, mas o festival terminaria numa digressão de âmbito nacional para Staley com os AIC. As memórias desta excursão seriam em abundância. No dia 18 de Julho, Rage Against the Machine roubou o concerto sem tocar, depois da banda vir ao palco completamente despidos. Estavam a protestar sobre PMRC, um grupo de entrada conduzido por Tipper Gore que queriam censura e etiquetas de aviso de álbuns que foram julgados ofensivos. Os integrantes da banda estiveram despidos durante vinte minutos. As notícias rapidamente espalharam-se pelos bastidores e um risonho Layne contou uma história sobre Gore.

Em 1983, Staley fez um comentário na televisão no programa local de Seattle onde se dava uma discussão sobre censura. Com 16 anos na época, começou uma guerra com Gore, sortudo ele que estava a falar via satélite. Alice in Chains terminariam geralmente o seu concerto com ‘Rooster’, e dado o tempo de cada noite esta coincidiria com alguns pores do sol incríveis. Os Alice in Chains eram a banda sonora do verão de 1993.

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